9 de abr. de 2010

Urgências.

Há um quê de urgente no meu povo que se desloca de um lado para outro. Urgência de chegar ao local do trabalho, ao mercadinho... Urgência em chegar em casa após o trabalho. Urgência em sair da cidade na véspera do fim de semana. Urgência em retornar. Urgência nas horas de visitas aos amigos e familiares. Vá que eu chegue com atraso e perca o emprego? Vá que acabem com as ofertas de legumes antes que eu chegue no mercadinho? Vá que eu tarde e ao chegar em casa ela tenha sido assaltada? Vá que ao pegar a estrada o transito esteja lento e eu não chegue a tempo de curtir o fim de semana? Vá que a conversa familiar me faça a assumir novos compromissos? Há um quê de urgente no meu povo. Urgência para que a noite acabe e com ela os pesadelos. Urgência para que o dia acabe e com ele o fardo do trabalho que não satisfaz. Há um quê de urgente no meu povo que se desloca, que passa,que caminha. E essa urgência os faz esquecer de saudar com sorriso o novo amanhecer; de ver o azul do céu, o verde das plantas; a meiguice das crianças, a flor no jardim; a sabedoria do velho, a urgência dos novos.. Esta urgência que devora os dias, que avança na noite. Há um quê de urgente no meu povo que caminha - urgência que poderia tornar-se amena, alegre, sã, se meu povo voltasse a procurar o bem estar daquele que riqueza nenhuma tem - a não ser a urgência de um pedaço de pão...

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