29 de ago. de 2008

21 de junho de 2006

Terça-feira. Cedo, 5 e 30 da manhã, iniciamos nossa viagem. Seria uma longa viagem. Eles carregaram nossa mudança e, depois, chegaríamos em outra cidade para carregar outra mudança. Foi por aceitar este fato que conseguimos o frete mais em conta e a aceitação do mortorista da nossa presença. Aí! Foi um aperto danado. Pelo chega aqui, chega lá, foram mais de 3.000 quilômetros de lá até o sul. Chegamos dia 25 de junho, no meio da tarde... Contem os dias. E, dormir, qdo parávamos na madrugada, só entre tres e quatro horas por noite.

Casa nova...

Graças ao Criador, mesmo a gente abandonando, os amigos continuam a ser amigos... puts.. aí de mim se não fosse isso!
Minhas amigas do sul é que conseguiram em tempo hábil uma casa para a gente alugar...
Voltar para a familia, os amigos... Não tem explicação esta sensação de alegria... Não importa que a cidade é úmida, ruas estreitas e mal cuidadas, sem muito verdes ou flores para enfeitar as ruas e praças...
Mas, nela, são verdes e coloridos os familiares e amigos.

Fotos.

Algumas fotos. Dos poucos e raros amigos. Fotos de lugares bonitos e aves lindíssimas. Mas, eram gente jovem e não tinham como estar em sintonia conosco, gente de outra geração.. hahahahaha

Vamos embora?

Conversei com o João. Continuar lá, assim como estava, era condenação à morte. Soube que meus pais estavam doentes. Falei com o patrão que queria voltar. Não perguntaram muita coisa. Só que tive que pedir dinheiro emprestado para ele, para o frete, passagens, devolver a casa em condições. Queriam que eu ficasse mais um mês. Não podia ser. Tinha que ser naquela hora. Para evitar dores maiores. Compromisso que eu trouxe junto: fazer o trabalho de lá, aqui no sul. Sem problemas. Acho que naquela hora eu era capaz de prometer qualquer coisa para qualquer pessoa. O importante era sair de lá.

Dificil foi encontrar alguém que fizesse a mudança e ainda nos trouxesse junto, mais os nosso cães. Pois de ônibus não poderíamos, nem de avião, pq iriam pedir a documentação do João e veriam que ele estava ilegal.

Deus... comecei a contar as horas e os minutos.

Fato estranho.

"Eu vi um gatinho.. vi, sim!"
Fiquei sabendo que as meninas lá do sul estavam passando por alguns apertos. Desejei nunca ter saido de lá. Então, como eu precisava enviar um envelope com um documento para elas, por sedex, resolvi contar tudo o que eu via por lá, tudo o que eu estava sentindo, tudo o que tinha acontecido, estava acontecendo. Passei uma manhã escrevendo. Enquanto escrevia, sei que devo ter chorado. Quem viu? Já que a sala ficava separada, só quem viu foi o menino que trabalhava na mesma sala. À tarde, foi enviado o envelope, por sedex. No mesmo dia, o menino que trabalhava na mesma sala enviou um pacote para outro Estado, também por sedex.
Passou uma semana. Sedex saiu da cidade. Não chegou a lugar nenhum. Nem o que eu enviei. Nem o que o menino enviou. Minha história, minhas lágrimas... para onde foram? Endereço errado? Nunquinha mesmo!
.... "Vou-me embora, vou-me embora, prenda minha.. tenho muito o que fazer..."

Cantares..

Nestas alturas dos acontecimentos, era comum o meu cantar:
"Tristeza, por favor vá embora.
Minha alma que chora, está vendo meu fim..."

Desencantos ou desenganos?

"Todo dia ela faz tudo sempre igual..." Levantar-nos cedo. Sair e deixar o João. Transporte coletivo tão cheio de pó, tão sujo... Passar o dia fora. Passar o dia a ser analisada. Voltar e encontrar um João sem sonhos, sem projetos, muito calado. Nos fins-de-semana sem ter onde ir, quer seja pela falta de amigos, quer seja por falta de transporte. Pena. Uma cidade muito limpa, ruas largas, verdes tão encantadoramente verdes mesmo sob sol de mais de 30 graus.

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Olha, todo mundo dizia que os gerentes eram capazes de entrar nos nossos computadores e analisarem o que lá tínhamos, o que estávamos fazendo, por onde andávamos, se estávamos no msn e com quem. Nunca tinha perguntado como, nem visto ou sentido algo diferente. Passei a observar, além das pessoas, isto também. Um dia vi algo estranho. Uma luzinha acendendo bem embaixo, na barra do computador. Perguntei para o "entendido" e me informou que qdo isso acontecia é pq tinha alguém no meu computador. No primeiro dia em que me dei conta, eu ri muito. Achava isto uma besteira sem tamanho. No segundo dia, sem esperar, lá de novo a tal de luz. Deste dia em diante, não tinha hora certa para "estarem" comigo. Uma vez, duas vezes por dia ou mais. Começou a ser uma tortura psicológica. Na história do Pequeno Príncipe, a Raposa ficava feliz pq sabia que a tal hora o menino iria aparecer e só o estar a espera daquela hora já lhe trazia alegria ao coração. Comigo, ao contrário. Não era o Pequeno Príncipe. Não tinha horário determinado. Não me trazia alegria. Era terror. Medo. Pânico.

Mais um motivo para chorar, aumentar aqueles sentimentos já descritos.

Era preciso fazer algo. Era hora de agir.

Análise II

Uma autocrítica: trinta anos de trabalho, quer sejam os meus, quer sejam os do João, em uma mesma empresa, crescendo dentro do setor, não servem para nos isentar de qualquer análise por parte de uma outra empresa, ainda por cima, análise negativa! hahahaha Ninguém é bom e/ou ótimo em um lugar e achar que será a mesma coisa noutro lugar. Pensei eu que, por ter liberdade de ir , vir e agir aqui no sul, dentro dos "meus domínios", dar-me-iam a mesma liberdade lá, por ser empresa da familia. E, o João não pensou que, por ter vindo de um país desenvolvido, pudesse lhe dar o direito de conservar aqui a mesma maneira de agir, falar, reclamar, como lá.

Análise.

Geralmente eu penso muito antes de escrever, ou falo as coisas pela metade, para não magoar ninguém ou para não sair magoada.

Vou tentar não me "esparramar" muito entre as letras deste teclado e assim contar o "causo" sem mais delongas! hahaha

Não é de rir não. Foram muitas as lágrimas. Nós não tinhamos amigos. Como o João sairia pela cidade à procura de emprego, sem ajuda, estando ilegal no país? Ele passava o dia inteiro em casa, cuidava da nossa horta. Eu ia só, todos os dias para o trabalho, procurando furos, brechas, culpados.. Alguma atitude eu precisava tomar, por nós dois, mas era preciso analisar, programar, achar a porta! O João, pouco a pouco ia ficando apático, desinteressado, distante.. Também, dá para imaginar uma pessoa trabalhar 30 anos em uma empresa, ser responsável por execução de projetos, conhecer e saber fazer com maestria tudo o que se relacionava com eletricidade, máquinas.. de repente ficar na dúvida: dispensaram-me por medo de estar eu ilegal, ou por ter ameaçado o posto de alguém e esta pessoa ter colocado que não tenho capacidade para exercer a função?

-bolas, tenho que sair - volto mais tarde ------

28 de ago. de 2008

Perdida..

Perdida. Desamparo. Desilusão. Mágoa. Dor. Desespero. Solidão. Raiva. Ódio. Foi esta mistura de sentimentos que se fez no meu peito. Pior: no meu peito fez morada. Eu sabia, eu sei que forças negativas que se instalam em nosso organismo manifestam-se, mais cedo ou mais tarde, em doenças físicas.
Senti tudo isso pq nós fomos para lá, em primeiro lugar, pq teria trabalho para os dois e João estaria protegido como estrangeiro ilegal.
Quanto a parte financeira, não haveria problema, pois ofereceram a mim, o salário dele, para que eu não tomasse nenhuma atitude, como a de deixá-los a ver navios.
Mas, e o resto???
Talvez tenham previsto alguma reação adversa, pois senti que passei a ser observada com uma intensidade maior. Passei a ouvir comentários estranhos, daqueles, tipo se não estás prevenida, provoca esta reação: falas mal de todo mundo, acusa todo mundo, chama todos de incompetentes, ladrões, ou manda todo mundo à puta-que-pariu...
Mas, eu havia me imposto algumas condições: analisar os pqs, analisar a reação de algumas pessoas pós saida do João. Pior: havia tomado a decisão de vingança.
Para isso, teria que deixar alguns dias correrem e, além de tudo, cuidar principalmente do bem-estar do João.
... sei que eu devo esquecer o passado... mas preciso escrever um pouco, pois será aqui, definitivamente que eu encerro a história.. história que, em partes, ou alguns detalhes cheguei a contar para amigos e familiares...
-inté daqui a pouco!

26 de ago. de 2008

Amenizando..

Ou Isto ou Aquilo
Cecília Meireles
Ou se tem a chuva e não se tem sol
Ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
Ou se pões o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

22 de ago. de 2008

Novela...

Esta é a última coisa que falo referente onde estivemos sobre acontecimentos antes do João ser dispensado.
Nós saíamos às 6horas e 35minuos de casa e só retornávamos às 18 hs e 30.
Quer dizer, passávamos todo este tempo por lá. Almoçávamos na empresa. O João colocava o celular a despertar e "meditava" depois do almoço. Eu levava meu crochê. Mas, é muito dificil ou quase impossível ficar sem ouvir o "disse-que-me=disse", ou ver atitudes estranhas.
Torno a reafirmar: dentro da empresa, todo mundo pisava em ovos - não havia amigos mesmo. Fora da empresa, ninguém se encontrava, a não ser os ex-funcionários.
.... depois passo a contar acontecimentos da era após dispensa do João....

21 de ago. de 2008

Rato, espião ou??

Trabalhava lá um menino que entendia tudo de computadores, de internet, etc e tal.
Bom garoto! Fazia o trabalho dele e, nos intervalos, vivia de conversa no msn, com várias meninas. Dizia que ele sabia como ter o msn aberto e ninguém encontrar. Mas, era o verdeiro "ligeirinho".. qualquer "aparição anormal" tocava em uma tecla e tudo sumia da tela. Era aprendiz de "jogadas sujas", pois tinha um programa que o ensinou como roubar senhas e endereços de msn de outras pessoas. E, brincava com elas até cansar e lhes devolver os dominios.
Eu sou chata. E sou capaz de falar se alguém ou causar danos a empresa onde estou. Não precisa ninguém me pedir para cuidar estas coisas.
Pensei: estava ele prejudicando a empresa? Por enquanto ele estava fazendo o trabalho dele com perfeição. E, todo mundo jurava "de pé junto" que nossa gerência sabia tudo o que acontecia dentro dos "nossos dominios", inclusive dentro de nossas gavetas, em cima de nossas mesas, nas conversas que tínhamos por telefone com alguém dentro ou fora da empresa. Logo, ou eles mereciam o que ele estava a fazer ou ele era um espião também e tinha as suas regalias... Naquela altura preferi deixar correr o tempo para ver os próximos passos dele.

Excesso de cuidados. Abuso de alguns...

Isso também é acontecido antes do desligamento do João da empresa.
Proibido por lei o uso do msn. Aqui no sul, nós usamos e muito, para comunicação com os representantes, corretores, clientes, e, até mesmo entre nós. Quer seja para fazer pedido de algum documento que esteja faltando, até mesmo para falarmos alguma "abobrinha" e dar risada! Todo trabalho feito com alegria, sem opressão, é trabalho realizado com prazer, e com maior rendimento. Lá era proibido usar. Vai ver que o pessoal abusava do uso... Mas, pensa bem na economia de telefone... Ainda mais eu que iria pedir ligações seguyidas para o Sul ou do Sul iriam querer falar comigo... Entenderam esta parte e me deixaram copiar o msn, mas, já avisando que eu teria esta mordomia pq no Sul eu já usava. Abrir uma página na internet dava a impressão de pecado capital. Hei, como vou me atualizar sobre assuntos do meu trabalho sem abrir páginas que me fossem necessárias? E, como eu iria ficar a par de assuntos gerais, se, pelo menos, não pudesse abrir a página principal do nosso provedor?
Não, nem pensem em ler sobre novelas, fofocas de atores.. esta não é a minha praia. Não vejo novela. Nem sei mais quem são os atores em "moda" no momento. Via novela qdo a nossa TV só sintonizava GLOBO, SBT, RECORD, BAND... E, isso lá no tempo das cavernas! hahaha
Fora trabalho, gosto muito de ler sobre assuntos gerais que acontecem no planeta, sobre moda, sobre receitas milagrosas para emagrecer... hahahaha
Tudo era proibido. Correto: não podes usar o correio eletrônico da empresa para envio e recebimentos de mensagens particulares. Correto: abre um endereço para ti e, nos momentos de folga lê tuas mensagens... Mas, rapidinho... Vai trabalhar, vai!....
MSN proibido. Ora pois.... já conto outra... vou tomar um café. Adoro café!

Estranhas coisas...

Ora pois.. qdo lá cheguei, recebi um computador para trabalhar que já estava prá lá de ultrapassado! Devia eu ter pensado: é para mostrar qual é teu lugar! Pior - era uma caixa de fósforo, com capacidade tal... imagina, para quem precisa ter vários programas! Ainda outra coisa: do sul eu estava indo para lá, mas, a análise do trabalho feito no sul seria de minha responsabilidade, análise e todo o resto pertinente a minha área. E, para onde fui, nada poderia ser implantado por mim sem a anuênsia dos chefes. Tava escrito n0 computador, pois no lugar onde poderia ser colocado um diskete estava um buraco aberto e em cima colado uma fita adesiva.. eita!
Ora, toda documentação já usada, deve ser guardada em caixas de arquivo, usando o processo de separação por mes lançado e por tipo de documentos. Eu chamo de arquivo morto o local onde ficam estas caixas. E, para caso de haver qualquer pedido de documento, toda caixa tem que conter uma numeração e o ano a que se refere. E, montar uma listagem mostrando que tal caixa número tal contém tal coisa. Primeiro, fizeram um arquivo perto da minha sala. Com a documentação que veio da empresa tercearizada, comecei a montar o arquivo morto. Queriam que eu observasse um programa tal que poderia me ajudar. Não abri mão do meu! Ora, merd... Boneco teleguiado? Eu sabia como fazer e tinha aprendido com uma pessoa que organizava arquivos de Bancos. Banquei a surda...
Isso tudo que ainda conto são acontecimento antes do desligamento do João da empresa.

20 de ago. de 2008

Coisas estranhas.

Sentenças comuns de se ouvir, de várias pessoas, dirigidas a umas poucas pessoas, geralmente as mesmas: "Não confia no fulano(a). É informante. Tudo que disseres será levado até aos gerentes." "Fulano(a) tem previlégios por causa disso - faça o que fizer, nada lhe acontece, nem lhe chamam a atenção." Bom, eu já fiquei com a pulga atrás das "oreias"! Comecei a observar, analisar perguntas, atitudes, cuidar os passos... e, a deixar estas pessoas de lado. Mas, o João não conhece o chão brasileiro, a luta suja para segurar emprego, posição, chegar lá em cima, ganhar aumento de salário... Aqui, se eu sair da empresa, tem, no mínimo, umas 1.000 pessoas que podem vir a se candidatar... E, para a empresa, se aceitarem salário menor, melhor é. Não importa se sabem ou não sabem. Não importa qualificação da mão-de-obra.
E, o João levou na brincadeira. Pelo menos com uma destas pessoas ele brincava bastante. Brincava, mas dizendo algumas verdades. Esta pessoa ficava a lançar ameaças, também na brincadeira. E isto eu já não estava gostando.
Eu vi lançarem olhares de ódio para o João, num dia em que ele disse que só faria uma instalação elétrica no lugar indicado e que não era correto, se esta pessoa se responsabilizasse pelas consequências...
Lá tinha muito material no almoxarifado ou no meio do pátio que estavam a espera de conserto, ou já condenadas por quem as usavam, dizendo que não tinham conserto. Alguma coisa o João avisou: em vez de pagarem para terceiros, comprem a peça tal, que custa baratíssimo e eu conserto. Falou para mais de uma pessoa sobre estes casos. Ninguém tomou posição.
Outras coisas pediram para o João consertar, mas ele pedia o material necessário e .. nada. Se a memória não me falha, até andaram informando os gerentes que ele não fazia o trabalho que pediam. E o material que precisava para o conserto?
Lá há o portão que dá entrada para a empresa, pelo lado administrativo. Vivia emperrado, trancado. Era preciso chamar fulanos tercearizados para tomar providências. O João sabia como consertar. Avisou. Não ouviram. Então ele começou a dar as dicas para o moço que era mecânico. Deu algumas dicas de como consertar o portão, dizendo que se fizessem juntos, não havia necessidade de chamar serviços de terceiros. Nada.
Sobre a central telefônica também. Ela queima fácil. Fácil chamar serviço especializado. João mostrou o que deveria ser feito e que ele poderia fazer. Foram mais alguns olhares de ódio.
Sei lá... ele sabia fazer, não precisava ser mandado, ele tinha conhecimentos, não precisava perguntar nada para ninguém.
Mas, alguém que não se curva é motivo de medo por parte de algumas pessoas. Alguém que falava enrolado, e, para que não rissem dele, se fechava... isso foi considerado orgulho, menosprezo pelos brasileiros de lá.
Ninguém quer funcionário que possa vir a ensinar. Consideraram que humildade não era o forte do João.
Um problema do João é fazer comparações... pq lá em Portugal... isso não ajuda em nada o seu relacionamento com as pessoas. Só piora.
Bom, veio o ato e fato: dispensar o João. Motivo: advogados alertaram que ele era estrangeiro ilegal e a empresa poderia pagar multa, etc e tal se ele fosse "encontrado" lá dentro!
Chorei muito. Não sei se o João chorou. Mas, deve ter sido uma paulada sem medidas que gerou consequências doloridas para nós e que ficou e ficará a marca para sempre.

15 de ago. de 2008

Verdes...

Alface, ervilha, pimentão, couve, tomates, beringelas, feijão em vagem.. Tudo isso em poucos meses. Se fizemos tudo isso, qual era nossa intenção?
Era por lá ficar.
Mas, não quiseram...

Resultados

Colheita de poucos meses de trabalho...

Projeto

Este foi o inicio. Projeto sendo executado.
Estas são fotos dos fundos da casa. Coqueiros. Água de coco na porta da casa. Podem ver, um enorme pátio. O que fazer com ele? Não houve dúvidas quanto a isto: vamos plantar. Tem espaço. Só precisamos iniciar. Aprender fazendo. Vai dar trabalho? Vai sim! Mas, se é este o lugar que escolhemos para viver, vamos lá. Olha, valeu a pena.... E, lá, tem algo muito lindo: o canto dos pássaros ao amanhecer! E os pássaros foram, em parte, se achegando na casa, pois nós adotamos dois cãezinhos abandonados: a Flor e o Tareco. E os pássaros iam lá comer os restos dos alimentos dos cães, além de atacarem nossas plantinhas.... hahahahahaha

Churrasqueira

Dá para enxergar? Esta era a nossa churrasqueira: embaixo de coqueiros, tijolos... carvão no meio! E, ebaaaaaaaaaaaaa ! Churrasco todos domingos! Podes crer: eu, como gaúcha, filha de um exímio assador de churrasco, nunca tinha feito um. Imagina o João, vindo lá de Portugal! Mas, tentando, a gente consegue! Queimava, ficava duro, salgado, sem sal... Foi um aprendizado! Vou aconselhar o João a escrever um livro e publicar , quem sabe com o título: "A saga de um português aprendendo a fazer churrasco."

Casa

Aqui registro a nossa casa lá. Foto tirada dos fundos para a frente. Fizemos um caminho de pedras do portão até a casa. Ao lado do caminho, plantamos flores. Na frente da casa e ao lado, plantamos grama e, no meio da grama, flores.
Lá é a terra do sol. Todo mundo diz que a terra não é boa. Não adianta tentar. Ora pois! Penso que é por não terem vontade de plantar. Sim, é preciso cuidados: água todos os dias, adubo...
É tão belo semear, ver nascer, plantar, ver crescer e dar frutos! É um milagre da vida!
E, nós, sem entendermos nada de nada, fizemos e vimos o milagre acontecer! Foi maravilhoso!

Na empresa..

Quando chegamos para trabalhar, foi, disfarçadamente, por parte de alguns, uma festa. Analisando, mais tarde, davam a entender que seríamos "Salvadores da Pátria". Outros não chegavam perto, mas ficavam à escuta, para saber realmente o que estaríamos fazendo ali. Era simples explicar. Muitos usavam o estratagema de agrado em demasia, favores, sorrisos, sei-lá-mais-o-que.. Mas estava sendo dificil eles simplesmente assimilarem isto: o João ia ocupar um lugar vago, o de eletricista. Eu, iria fazer na empresa, um serviço que estava sendo feito fora: a Contabilidade. Não pq quem o fazia, estava a fazer mal o trabalho, mas sim pq quando é feito na empresa, tudo se torna mais rápido e mais fácil de entender as operações realizadas. Era só isso. Ninguém queria ocupar o lugar de ninguém. Ninguém estava indo para investigar alguém. Convidamos o pessoal para almoçar lá em casa, no domingo, e assim nos ajudar a montar os roupeiros. Isto é, não no primeiro domingo que lá estávamos, mas no seguinte. Seria uma maneira de nos expor, de nos colocar como amigos, como sinais de soma, de mostrar como éramos, e, de conhecê-los também um pouco mais, fora da área de trabalho. Isto, tinha sido feito na primeira semana que lá estávamos, pelos gerentes. Fomos jantar com eles. Eles também queriam nos analisar, estudar. hehehe Jogos. Bom, lá em casa só apareceram duas meninas e seus namorados. Gente fina. Finíssima. Os outros, nos deram a entender que não foram pq dentro da empresa não havia amigos e não eram bem vistos os que fora da empresa cultivavam uma amizade. Talvez, no jantar com os gerentes a gente não tenha causado boa impressão. Eu, por ter me proposto mais a ouvir do que falar; o João, pelo hábito que tem de comparar tudo com a Europa, com Portugal. E, fazendo comparações, ele mostrou-se, um tanto quanto tipo agitador. Mas, erro meu no almoço com o pessoal que lá em casa foi: eu falei, e falei muito. Falei de situações do Sul que estavam acabando com a saúde dos funcionários, falei minha opinião a respeito de donos e gerentes opressores... Jacaré não entra no céu pq tem boca grande... Em boca fechada não entra mosca...

Erros

Sim, talvez tenha sido este o maior erro: acreditar nos nossos 30 anos de experiência e acreditar que eram empresas regidas pelos mesmos donos. Erro ter acreditado que o mesmo meu agir e pensar no Sul poderia ser aplicado no Centro-Oeste. Erro o João achar que por saber bem mais do que julgavam, não precisaria se submeter a regras ou comandos. Neste ponto, lá estava o erro: se eu trabalho há trinta anos em Contabilidade, há necessidade de tentares estabelecer regras quanto onde, quando lançar? Se há trinta anos o João trabalhava construindo, montando, instalando, consertando, há necessidade de tentares ditar o que fazer, onde e como? A experiência nos ensina a olhar e dar de cara do onde, como, quando. Nos ensina também que cada empresa tem uma maneira de caminhar, e, para acertar tudo, era só esperar o "andar da carruagem".. Sim, talvez o maior erro tenha sido ir de coração limpo. Sim, talvez o maior erro tenha sido o João ser estrangeiro, e, além de estrangeiro com dificuldades para entender e se fazer entender, ser português, e carregar um orgulho demasiado da sua cidadania e isso o tornava uma pessoa fechada, silenciosa. Orgulho, este silêncio, ou medo de não o entenderem? Este é um assunto que dá "pano para manga" e, por isso ainda voltamos a ele...
Mas alguma coisa por lá andava acontecendo.
Vou tomar um café e já voltoooooooo

13 de ago. de 2008

Continuando..

Quando chegamos à cidade, onde, segundo nossos planos, seria o nosso cantinho, foi numa manhã de terça-feira, antes da 7 horas. Foram nos buscar na rodoviária. Ganhamos café da manhã... hehehe Depois, a moça da imobiliária foi nos levar as chaves da casa e nos levou até lá. Uma casa grande. Aliás, um pátio muito grande!!!!!!!!! A nossa mudança já estava nos esperando. Alguns rapazes da empresa onde fomos trabalhar foram lá ajudar a descarregar. Descarregar foi rápido. Pior foi montar as coisas. Começamos logo. Calor. Calor. Ficamos terça, quarta... sempre a colocar as coisas no lugar. Na quinta-feira já vieram avisar que deviamos começar na sexta-feira! Eu já conhecia a cidade e dela gostava pelas suas ruas largas, seu verde lindíssimo, mesmo sob sol intenso dia após dia. Mas, seria a nossa cidade... como sou sonhadora e não enxergo um palmo à frente do nariz! Não, não precisam me bater. Já apanhei bastante por ter sonhado "um sonho cor-de-rosa"... Para quem ama o calor, é um lugar sensacional - verão o ano inteiro! Pior que o calor me deixa toda inchada, pressão baixa, sem vontade para nada. Pior que estávamos longe de qualquer pessoa da familia mais ou menos uns 3.500 km! Pior que não temos carro e lá, transporte coletivo, só o da prefeitura e só fazia um trajeto entre algumas ruas da cidade até o Distrito Industrial. Pior que nem bicicleta tínhamos, ou moto, ou condições de comprar carro, bicicleta, moto... 50 % da população tinha carro - 30% bicicleta ou moto e, nós outros, 20%, de transporte coletivo. Ir de um bairro à outro, só arrumando carona, ou andando, andando, andando.... Paro aqui. Tô com fome. hahahahaha

12 de ago. de 2008

Saber ...

Conversando com o João, eu aqui, ele lá em Portugal, qdo nos conhecemos, falamos sobre nosso trabalho. Contei sobre o meu. Ele falou sobre o dele. Mas, como lá e aqui, algumas palavras tem significados diferentes, ou são usadas palavras lá que aqui não estamos acostumados a usar... só sei que eu entendi que o João era eletricista. Bom. Pensei cá com meus botões: ele é gente simples, de simples trato.. Isso fazendo comparações como os eletricistas que aqui conheço. Seria par perfeito para a simplicidade do meu viver. Ledo engano! Quando aqui chegou, aos poucos fui descobrindo quem era o João realmente, falando profissionalmente. E, isso se fez verdade quando estive com ele em Portugal, visitando os amigos, local onde ele trabalhava. Descobri que o cara, o moço que se intitulava eletricista simplesmente, tinha uma bagagem de 30 anos de trabalho. Iniciou como aprendiz de eletricista. Depois foi se aperfeiçoando, com a prática, com a determinação... No final das contas, eu posso hoje entender que, ele, trabalhando em uma empresa, comparando com o Brasil, estatal, era o responsável pela concretização de obras diversas na cidade do Porto, tanto no que toca a compra de material, discussão com os engenheiros sobre as plantas elaboradas, tanto no comando da mão-de-obra : linhas para metrô, pontes, jardins (praças, para nós).. e sei lá mais o que!!!!!!!!!!!!! Um homem que viajou bastante, a trabalho, dentro da Europa. Um homem com conhecimento bárbaro sobre história européia, sobre a política atual lá daquele lado. Ainda me é dificil aceitar, pois eu pensei ter ao meu lado um homem simples como eu, mas cá tenho ao lado um poço de conhecimentos... Eu sou um "pouco" alienada, desligada...

8 de ago. de 2008

Pai

Domingo é dia dos pais. Qdo a gente é criança, ele é nosso herói. Na adolescência, ele não sabe nada da vida. Qdo começamos a trabalhar, a andar pela estrada da vida, ele é um velho, desatualizado... Quando temos um filho, começamos a entender e comprender a sua figura. Quando ele se aposenta, ainda o achamos jovem para isso. Quando ele tem setenta anos, suas rugas, a curvatura da sua coluna, suas mãos calejadas, nos fazem pensar se nós fomos capazes de o amar e abraçar em todos os momentos, nós começamos a ver a sua longa caminhada e o resultado dela. Mas, entre lágrimas, concluimos que ainda é tempo de abraçar e dizer "te amo". Quando ele tem 84 anos, a gente tem vontade de o apertar e... pedimos ainda ter tempo de beber de seus conhecimentos, sua sabedoria. Ao meu pai, o meu amor, o meu carinho... E, acabo de ver que, se aos 84 anos eu chegar, serei um tanto teimosa e rabugenta como ele, hahahahahaha

Palavras, pedidos..

Bolas, a gente estava indo para lá. O contato entre lá e aqui é significativo, é necessário. Mas, eu não poderia dizer para ninguém de lá que nós estávamos indo. Raios, como evitar isso, se eu precisava da ajuda das meninas que lá trabalhavam para conseguir uma casa para nós? Outra: nós não íamos para ocupar o lugar de nenhum funcionário lá de dentro. Pq não falar a verdade? Para que esconder? Isso era impossível! Fato estranho: enviei os documentos do João. Pouca coisa perguntaram sobre o que ele realmente sabia fazer, ou o que ele fazia lá em Portugal. Mas, até aí, tudo bem. Eles iriam descobrir com o tempo e explorar todo o conhecimento dele. Pensava eu. Outra, a decisão de nos levar para lá partiu daqui do Sul. Depois é que foi comunicada para o pessoal lá do Centro-Oeste. Acho que não gostaram. Acho até que nem queriam que fôssemos, pois a demora para nos informar sobre qdo ir ou não ir, foi demorada.
ihhhhhhhhhh hoje é sexta-feira! Está frio. Estou cansada. Meus dedos não estão ágeis. Muito menos o Tico e o Teco. Tô com sono!!!!!!!!!!!!! Tchau. Volto na semana que vem!

7 de ago. de 2008

De mala e cuia..

Quando o João chegou em primeiro de janeiro de 2006, eu já estava com 90% das nossas coisas encaixotadas, casa alugada lá onde íamos, acertos de casa e etc e tal que deveriam ser feitos referente ao apartamento onde estávamos morando. João chegou! Que festa! Agora eu sabia que ele estava retornando para aqui ficar. Visitamos amigos e familia para a despedida. Fiz doação de toda a minha roupa de inverno. Nós estávamos partindo para não mais retornar. Era essa a nossa intenção. Retorno só para visitas. Uma vez por ano quem sabe... A não ser que o trabalho para o João sorrise de tal maneira, nos proporcionando a chance de retorno. Sonhamos muito. Ainda bm que ainda não se paga imposto sobre sonhos... Nós partimos no inicio de janeiro de 2006, com o coração aberto, prontos para chegar lá, ocupar nosso lugar, ajudar num desenvolvimento maior da empresa, usando nossos conhecimentos, nossa prática de 30 anos. Coração aberto. Inocência nos planos e sonhos. Confiança nos que lá estavam, naquele que aqui nos contratou. Eu deveria ter analisado mais os detalhes. Deveria ter conversado mais com minha familia, minhas amigas... Devia... Eu, de olhos vendados, carreguei o João comigo. Olhos vendados sim. Cega. Surda. Acho que pensei que eu era alguém. Que o João também.
Bolas, só escrevo nos últimos minutos do nosso horário.. Paro por aqui. Mas, atenção: amanhã eu conto os detalhes que eu deveria ter ouvido, palavras que deveria ter prestado atenção, atitudes que deveriam ter me alertado... Boba. Eu.

Raquel

Sei que eu deveria ter escrito isto ontem, pois ontem era o dia do teu aniversário. Mas, passsei o dia inteiro a ligar, ligar, ligar... e não te encontrei. Estava chateada. Bolas, queria ter sido eu a primeira a cantar parabéns, a te desejar uma vida bela e perfumada, uma bela e perfumada vida como o Lirio r que te enviamos. Para a minha menininha, um pedido de desculpas pela crise de ciumeira... hahahaha Te amo. Te amamos.

6 de ago. de 2008

Dodói

Dizem que a mágoa, o não estar bem em algum lugar, o não estar bem consigo mesmo e, consequentemente, com os que estão ao nosso redor, faz a gente criar doenças. Lá isso é vero! Pode apostar! Mas, é para dissipar a mágoa, ou encontrar as razões, que resolvo escrever. Porém.. sempre tem um porém! Não vou poder citar nomes, etc e tal... Bolas, talvez assim eu comece a pensar: não posso escrever isso, nem isso, nem aquilo... hahahaha Vamos ver no que vai dar. Tenho é que encontrar mais tempo para a alma abrir, deixar jorrar os desencantos, para poder partir para a transformação - desencanto em encantos, cores, sons, sabores...

5 de ago. de 2008

Burrice...

Aí, aí.. não pensei duas vezes - era uma maneira do João ficar ilegal sem ser importunado e, o melhor, trabalhando. Eu ficaria longe da minha familia. Talvez fosse essa a hora de sair debaixo da saia da mamãe, de começar uma vida nova bem longe.
Burrice a minha. Devia ter corversado com mais gente, devia ter falado mais, devia ter pensado mais, devia ter analisado mais... hahaha Parece uma musica que a gente bem conhece. É que em momento algum eu duvidei que 30 anos de trabalho, tanto ele como eu, técnicos em nossa profissão, pudesse dar algum erro. Íamos para ocupar lugares que estavam vagos e não para tomar o lugar de outras pessoas. Pensei que 30 anos fôssem uma ótima referencia. Pensei que tínhamos o título de "responsáveis" . Pensei ... Burrice minha. Falta de visão. Falta de uma ferramenta no cérebro chamada "desconfiômetro". Tico e Teco não funcionaram naquela época. Outubro de 2005. Pôrra, eu tinha até dezembro para enxergar! Devia ter... Devia sentir.. Devia saber... Mas, tudo na vida é um aprendizado. Acho que tudo o que fazemos, gera uma consequência que de maneira ou outra devia ser necessária no caminho, para nos ensinar, fazer pensar, aprender... hehehehehe